O combustível verde será o futuro do setor automotivo?

Muito se fala sobre o hidrogênio verde, também conhecido como combustível verde. Ele é apontado como uma das principais inovações em prol do meio ambiente, em comparação a outros tipos de combustíveis.

Desde o Acordo de Paris, com foco em conter o aumento do aquecimento global, diminuir a pegada de carbono é o objetivo de 195 nações, incluindo o Brasil. Isso porque esse gás é um dos grandes causadores do efeito estufa, responsável pelo avanço das crises climáticas em todo o mundo.

A Guerra na Ucrânia ajudou a disseminar as qualidades desse tipo de combustível, tendo em vista a restrição na oferta de petróleo originária da Rússia e o aumento do preço do barril.

No entanto, o uso do combustível ainda é muito controverso.

Como é feito hidrogênio verde?

O hidrogênio é considerado um dos elementos mais abundantes na Terra – cerca de 75% da massa do universo é composta por esse gás. Contudo, para ser utilizado por nós, é preciso realizar o processo de separação do H₂ de outras moléculas.

O elemento é obtido através da reforma do gás natural do petróleo, processo que emite carbono na atmosfera. É a partir daí que surge o conhecido hidrogênio cinza, o mais usado atualmente.

Ele é mais barato em comparação a outros, mas, ainda assim, consegue armazenar grandes quantidades de energia. Por isso, o elemento é comumente usado em foguetes e indústrias pesadas, como as químicas.

O hidrogênio verde, por sua vez, é derivado de processos que utilizam apenas energia limpa (eólica ou solar), o que, por si só, já é um grande diferencial. Assim, não é emitido carbono na atmosfera. Daí vem seu nome: combustível verde, zero carbono.

Em geral, o processo mais utilizado para sua criação é a eletrólise – que separa o hidrogênio gasoso (H₂) do oxigênio (O).

O grande problema é o custo: a produção é uma das mais caras. Mas, a sua densidade é três vezes maior em comparação a outros combustíveis utilizados hoje na aviação, por exemplo.

Um dos grandes diferenciais dessa substância é sua versatilidade. Ele pode ser usado em diversas áreas, sobretudo em grandes indústrias responsáveis pela maior parte das emissões de carbono, como as químicas e siderúrgicas. Além disso, o combustível verde também pode ser usado em aviões e navios.

Seu potencial é tão grande que, segundo o Goldman Sachs, o mercado global de H₂ verde deve valer cerca de US$11 trilhões até 2050.

O combustível verde é o futuro do setor automotivo?

Muito se fala sobre o uso desse tipo de combustível no setor automotivo.  No entanto, é preciso considerar alguns pontos relevantes.

Em primeiro lugar, o H₂ verde deve ser produzido com cautela, caso o processo seja feito a partir da eletrólise. Isso porque, se queimado em atmosfera aberta, o material pode liberar óxido nitroso na atmosfera, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa.

Hoje, existem outras alternativas para a produção, como etanol e biometano. Esses processos são eficazes e não agridem o meio ambiente.

No primeiro caso, é possível coletar os elétrons do etanol e convertê-los em energia elétrica, a partir da quebra das moléculas por uma célula de combustível.

Já o biometano, derivado de resíduos agrícolas, como cana-de-açúcar, transforma-se em hidrogênio verde após a reforma do vapor.

Ambas são consideradas excelentes possibilidades para o uso no setor automotivo.

O presidente da Eletrobras já declarou que o combustível da próxima década será o hidrogênio. Portanto, investir na área é a aposta certa para quem deseja crescer no ramo automobilístico.

Iniciativas Globais

O Japão foi o primeiro país a adotar uma abordagem focada no desenvolvimento de sua economia de hidrogênio no lançamento da ‘Estratégia Básica de Hidrogênio’ em 2017 e continua liderando o setor. Os Jogos Olímpicos de Tóquio fez história como o primeiro a ser iluminado por hidrogênio, no momento o país está ampliando sua ambição de hidrogênio com planos de construir 1.000 postos de reabastecimento de hidrogênio para veículos com célula de combustível em todo o país até 2030.

A Europa possui um dos mercados de hidrogênio mais desenvolvidos do mundo e abriga mais da metade de todos os projetos, de acordo com o Hydrogen Council e o Hydrogen Insights Reports 2021 da McKinsey . O Reino Unido e a UE têm planos para atingir uma capacidade de produção de cinco gigawatts (GW) e 40 GW de hidrogênio verde, respectivamente, até 2030.

Produção de hidrogênio no Brasil

O Brasil tem grande potencial competitivo para se tornar um dos maiores países na produção, estocagem e transporte de hidrogênio verde. Tanto é que já existem algumas iniciativas em território nacional com esse foco. Conheça algumas delas:

Polo Industrial de Camaçari (BA)

A primeira usina de hidrogênio está sendo desenvolvida no Polo Industrial de Camaçari pela Unigel, fabricante de fertilizantes nitrogenados.

Com investimento inicial de R$650 milhões, o início da produção está previsto para 2023 e, em 2025, a expectativa é ter quadruplicado esse volume. Ao todo, espera-se gerar cerca de 500 empregos.

HUB Internacional em Pecém (CE)

Nesse ano, o complexo portuário de Pecém também decidiu investir na produção de hidrogênio verde. Em junho, a empresa de minério de ferro Fortescue Metals Group assinou um pré-contrato de investimento de US$6 bilhões. O previsto é que a área gere mais de três mil empregos.

O principal foco dos espaços construídos e investimentos feitos no país são para a exportação do hidrogênio a outras regiões, sobretudo ao continente europeu.

Carros elétricos na Universidade de São Paulo (SP)

Recentemente, a Universidade de São Paulo (USP) anunciou o acordo entre Shell Brasil, Raízen, Hytron e Senai para a instalação de fábricas com foco na produção de combustível verde na faculdade.

A previsão é que a operação comece ainda no primeiro semestre do próximo ano, com duas fábricas, e expectativa de produção de 5 kg de H₂ por hora.

O projeto visa a utilização nos ônibus da cidade universitária da USP. E, se der certo, será considerado o primeiro posto de hidrogênio a base de etanol no Brasil e no mundo.

Viu só quantas possibilidades? Cuidar do meio ambiente é nossa principal responsabilidade. Portanto, investir na produção de combustível verde é a melhor maneira de suprir as necessidades da população e garantir um futuro seguro a todos.

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